Stéfano Helou Frontini é sócio da Allídem e representa a divisão de estratégia de negócios, cultura, produtividade e liderança para projetos de posicionamento e construção de marca junto a empresas de tecnologia ou aquelas que buscam digitalizar. Tem um Instagram profissional também em que fala sobre os temas, conheça-o clicando aqui.
A Pandemia da COVID-19 acelerou alguns anos o que algumas empresas já estavam começando: a transformação digital. Responsável por grandes mudanças no mercado e no comportamento do consumidor que está cada vez mais digital, exigente e imediatista, a transformação digital vem fazendo com que muitos profissionais e donos de empresas tenham que se movimentar e estas transformações têm inclusive influenciado o caminho que as empresas devem percorrer para a construção de marca. Em linhas gerais, negócios e marcas que não se adaptarem digitalmente vão morrer ou ficar em segundo plano.
Um ponto importante é que muitas empresas que já nascem digitais como por exemplo as startups, surgiram não apenas para inovar com novas tecnologias, mas já iniciam com uma cultura e pensamento completamente diferente de muitos outros negócios antigos e conservadores. Estas empresas entendem a importância da construção de marca, de entregar seus produtos e serviços sempre orientados pelas necessidades do cliente e com uma experiência omnichannel – multicanal e isso traz uma relevância enorme para criar valor para a marca.
O objetivo deste artigo é trazer alguns pilares adotados neste processo, para você compreender o que considerar na sua empresa.
Transformação Digital é o que leva organizações a adotarem processos baseados em tecnologias digitais para resolver problemas.
De acordo com a McKinsey, transformações digitais acionam ao menos uma de quatro alavancas-chave de valor:
Além disso, para capturar o valor criado por essas alavancas, é necessário associá-las a um conjunto de práticas de gestão com quatro dimensões fundamentais: Estratégia, Capacidades, Organização e Cultura.
A transformação digital contribuiu para alavancar tecnologias aceleradas e podemos ver estas transformações reunidas no livro Organizações Exponenciais. Escrito por Salim Ismail, um dos fundadores da Singularity University, entre outros autores, o livro nos apresenta por que estas organizações são 10 vezes mais rápidas e mais baratas que as demais, por conta de onze aspectos organizacionais que as diferenciam de empresas comuns. A começar primeiramente pelo PTM – Propósito Transformador Massivo, e depois pelos dez aspectos que se classificam em dois grupos: Ideias e Escala. No Grupo Ideias encontram-se:
E, no Grupo Escala encontram-se:
A transformação digital transcende funções tradicionais como vendas, marketing e atendimento ao cliente. Em vez disso, a transformação digital começa e termina com a forma como você pensa sobre os seus clientes e se envolve com eles. O Design de Serviços é uma competência que foca em desenhar toda a experiência de serviço ou entrega de um produto para o cliente e que pode ser complementada com pontos de contatos digitais. Em um mercado cada vez mais competitivo, se destacam as empresas que conseguem agregar mais valor para o público primeiro oferecendo experiências digitais memoráveis.
Em 2020, com a pandemia da Covid-19 este cenário evoluiu em anos. O que muitas empresas estavam postergando em termos de transformação digital passou a ser uma questão de sobrevivência. Uma Pesquisa Global da Mckinsey com executivos resumida no artigo Como o COVID-19 empurrou as empresas para além do ponto de inflexão da tecnologia – e transformou os negócios para sempre nos conta o quanto as empresas aceleraram a digitalização de suas interações com clientes, cadeias de suprimentos e operações internas em três a quatro anos. E, a participação de produtos digitais ou habilitados digitalmente em seus portfólios acelerou as empresas em incríveis sete anos. A maioria dos entrevistados reconhece a importância estratégica da tecnologia como um componente crítico do negócio, não apenas uma fonte de eficiência de custos.
Em maio de 2018 as empresas CorporateLeaders e PTC entrevistaram 128 executivos em desenvolvimento de produtos, engenharia, produção, gestão corporativa, TI e marketing. Na pesquisa, executivos afirmaram que os principais benefícios da transformação digital são a eficiência operacional aprimorada (40%), o tempo de entrada no mercado mais rápido (36%) e a capacidade de atender às expectativas do cliente (35%).
Já no artigo Transformações digitais no Brasil: insights sobre o nível de maturidade digital das empresas no país (2018/2019) – líderes em maturidade digital no mundo apresentam desempenho superior com taxa de crescimento de EBITDA até 5 vezes maior em comparação às demais empresas. Na lista abaixo, cito alguns dos benefícios que podem ser considerados:
Os benefícios são muitos, mas então como iniciar o processo e aplicar na sua empresa?
Como qualquer processo de transformação estrutural, ele precisa ser iniciado e influenciado pelos líderes da organização. Ainda assim, muitas empresas sofrem para executar esta transformação uma vez que exige uma forte mudança de pensamento que precisa ser desdobrada com muita consistência e alinhamento para outras áreas e pessoas do negócio. É comum colaboradores se deparem com o desafio de implementar práticas que nunca foram feitas e não se sintam confortáveis com as novidades. Trabalhar na construção de marca a cultura empresarial traz tranquilidade e preparo para os profissionais que terão novas funções e expectativas em seus cargos.
Empresas irão percorrer níveis de maturidade digital e evoluir conforme passam de uma etapa para a outra. Abaixo vemos uma linha de estágios de maturidade digital apresentada pela Deloitte no artigo: Foco no Trabalho Digital – Transformação digital após COVID-19. Primeiramente a empresa irá começar (i) explorando o digital e aqui ainda não existe uma mudança real na organização. Em segundo lugar, a empresa estará (ii) fazendo digital – o ponto aqui é que muitas organizações lançam produtos digitais ao invés de fazerem mudanças fundamentais como transformar o modelo de negócios, o modelo operacional ou o DNA da companhia. Já na terceira etapa, a empresa estará (iii) se tornando digital – aqui já ocorrem mudanças no negócio e em modelos operacionais com o cliente. E, por fim, na quarta etapa (iv) sendo digital – aqui, negócios e modelos operacionais com o cliente são otimizados pelo digital e completamente diferentes dos estágios anteriores.
1º Estágio – Definindo valor – onde se estabelece um comprometimento dos gestores, se define com clareza as metas e ambições e por fim os investimentos.
2º Estágio – Lançamento e aceleração – se inicia com projetos iniciais, se nomeia uma equipe de alto calibre, se organiza e promove novas maneiras ágeis de se trabalhar, e se nutre uma cultura digital.
3º Estágio – Escalando – se estabelece uma sequência de iniciativas para rápidos retornos, se constrói capacidades e por fim se adota novos modelos operacionais.
Implementar uma transformação digital é um investimento de longo prazo e iniciar o quanto antes irá contribuir para o amadurecimento e os aprendizados do negócio. Essa pressa pela mudança está principalmente atrelada pela pressão dos consumidores de que as empresas ofereçam soluções cada dia mais digitais e que possam resolver seus problemas de forma rápida e clara.
A seguir, reforço alguns pilares que considero importantes:
É muito importante compreender a importância do mindset digital a partir das lideranças. De nada adianta a organização contratar empresas, fornecedores, sistemas para se tornar digital se a visão não estiver clara para os sócios e diretores. Transformar uma empresa digitalmente não é uma tarefa fácil, exige quebra de paradigmas, romper o status quo, um preparo grande construção de marca, e sem uma visão orientada pelas esferas estratégicas e executivas da organização, ficará muito difícil ver a transformação digital acontecer.
Em outro artigo da McKinsey, Desbloqueando o sucesso nas transformações digitais 70% dos entrevistados dizem que as principais equipes de suas organizações mudaram durante a transformação – geralmente quando novos líderes familiarizados com as tecnologias digitais se juntaram à equipe de gerenciamento. Além dos líderes, quando pessoas em funções-chave (tanto os líderes seniores da organização quanto aqueles em funções específicas de transformação) estão mais envolvidas em uma transformação digital do que estavam em esforços de mudança anteriores, o sucesso de uma transformação digital é mais provável.
A partir das lideranças, é importante contar com uma equipe que dialogue com o mindset digital. Se não estiver familiarizada com as mudanças e transformações do mercado, investir em conhecimento, cursos, ferramentas para o desenvolvimento de novas habilidades será fundamental. A equipe precisará compreender que o trabalho será realizado de uma nova maneira e que todos precisam ter clareza de seu papel perante os objetivos da organização.
A Jornada Digital que um cliente entra em contato com uma marca ou organização não é linear. Na Allídem – empresa de tecnologia com foco no crescimento de marcas nativas digitais ou da nova economia, somamos a importância do Awareness – Conhecimento da marca, ao funil de Growth formando o framework: AAARRR. Entendemos a importância das empresas entregarem uma experiência digital nas 6 etapas que o consumidor entra em contato com a marca ou organização.
Mais importante do que apenas contar com uma jornada com vários pontos de contato digitais, é a possibilidade de rastrear as interações ao observar os dados e feedbacks dos clientes a fim de alavancar oportunidades para o negócio e explorar mais sua construção da marca. Os consumidores de hoje querem obter o benefício de acessar os serviços pelo seu canal preferido, e nestes canais as empresas podem sugerir ofertas, produtos ou serviços relacionados usando os dados preferenciais das suas contas de perfil.
A Arquitetura dos Dados é fundamental para organizar e consolidar as informações. Os dados podem estar presentes em sistemas como ERPs, CRMs entre outros, reunindo informações importantíssimas para o crescimento e a geração de valor do negócio.
Um CRM – Customer Relationship Management por exemplo, irá consolidar as informações de relacionamento com os clientes e será importante pensar na organização e fácil acesso dos dados para as tomadas de decisão. Algumas perguntas abaixo são um passo inicial para se levar em consideração:
Qual é a base e segmentação de clientes?
Qual é o histórico dos clientes com a organização?
Quantas vezes comprou o produto ou serviço? Com qual frequência?
Qual foi o feedback do cliente com relação ao produto ou serviço?
Sem estas informações em mãos, fica difícil encantar ou reter o cliente frente a um concorrente, e aumentar o faturamento da organização.
Existem muitos casos de transformação digital no Brasil e no mundo. Empresas que transformaram completamente seus modelos de negócios ao adotarem a digitalização em sua oferta de produtos e serviços. Veja a seguir alguns exemplos:
A transformação digital começou em 2011 quando criou o LuizaLabs, hub de inovação responsável por melhorar, com ajuda da tecnologia, a experiência dos colaboradores e clientes. Dentre vários processos de digitalização, criou aplicativos, plataformas digitais, e integrou serviços com redes sociais. A empresa também criou a Lu, personagem digital que atua como vendedora virtual e transformou a experiência de contato com a marca. Em 2017 lançou o seu marketplace que abriu a oportunidade de empreendedores venderem seus produtos em seu site e aplicativo com grande visibilidade. Com um modelo baseado em lojas físicas, a Magazine Luiza demorou 43 anos para atingir seu primeiro bilhão de reais de faturamento. Com a nova estratégia digital e abertura do marketplace, em apenas três anos a companhia conquistou R$ 3 bilhões se tornando não apenas uma varejista, mas uma empresa de tecnologia.
Holding de Educação comandada pelo fundador Flávio Augusto, iniciou suas operações com a escola de Inglês Wise Up em 1994 com um cheque especial de R$20mil. Em 2013 Flávio vendeu a rede de escolas por R$900 milhões para depois comprá-la de volta por menos da metade do preço em 2016. Hoje, a rede de escolas de inglês conta com 420 unidades que se viram obrigadas a interromper suas atividades por conta da pandemia. Em Outubro de 2019 a empresa já contava com um projeto de aulas digitais mas que ainda não era comercializado pelas franquias. Com o início da quarentena, a rede habilitou seus franqueados a venderem o produto Wise Up Online, de aulas de inglês 100% pela internet. O resultado foi uma alta de 400% nas vendas da plataforma desde março de 2020. O COVID-19, que elevou os números da Wiser de 65 mil alunos em 180 cidades para mais de 300 mil alunos em 4 mil cidades de 85 países.
É nítido observar o quanto a tecnologia acelera em muitos anos o crescimento das organizações. A busca por soluções mais práticas e rápidas é constante e a pandemia só reforçou o quanto as pessoas e empresas se adaptam aos novos normais. Ainda assim, vejo o quanto a criatividade e a liderança são capacidades presentes que terão sempre um papel fundamental nestes processos de transição. Saiba mais sobre como destravar todo o potencial da sua marca, fortalecer seu Branding, alinhar sua equipe e vender mais clicando no botão abaixo